segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A felicidade nos bastidores da reunião em Copenhague


Por Sandro Neiva

Enquanto você está aí comendo seu churrasquinho de acém, depois de mais um dia de labuta, tomando sua cerveja barata ou respirando o ar poluído gerado pelas indústrias, – a cúpula internacional do clima está reunida em Copenhague, na Dinamarca.

A canalhice não se resume ao sujeito que aparece na TV, enfileirado, acenando os braços para as câmeras e jurando que vai resolver os problemas ambientais do planeta. Não. O verdadeiro balaco-baco acontece com a turminha que faz a retaguarda dos Chefes de Estado.

Cada um desses “estadistas” leva atrás de si uma legião de puxa-sacos, bajuladores, carregadores de malas, lustradores de sapatos, lavadores de cuecas etc. São funcionários da diplomacia, parentes, amigos, lobbistas, esposas, amantes, voluntários, médicos, psicólogos, jornalistas particulares, massagistas e seguranças.

A corja lota os hotéis cinco estrelas, os restaurantes e os cafés mais caros. Fingem que estão sempre apressados, que são importantes e que vão mudar as estruturas desta sociedade injusta. E enquanto uns correm de um lado para o outro, com seus crachás, celulares e laptops, – dando sustentabilidade ao teatro da seriedade – as madames deste ou daquele executivo hedonista que conseguiu uma vaguinha na comitiva, chamam um táxi e vão fazer compras nas boutiques dinamarquesas. Além dos perfumes caros, aproveitam também para comprar gravatas e paletós para seus maridos.

Nos bastidores da reunião sobre os rumos globais do meio ambiente, a felicidade é geral e os elogios são mútuos. “Um champanhe francês para comemorar a fala de nosso chefe”! Radiantes e cúmplices na mentira, vão amenizando assim, a culpa pela negligência histórica.

Então chega a noite. Um punhado de euros e dólares no interior do paletó, cartões corporativos e um táxi rumo aos puteiros de requinte. Ao amanhecer, todos estão visivelmente felizes e encontram-se no café antes de reiniciarem o teatro para a imprensa, lá no auditório.

Pois é! E você que está aí, palitando os dentes, depois de devorar seu churrasquinho de acém, o jeito é abrir mais uma latinha de cerveja barata e continuar tossindo seco por causa da poluição. Melhor voltar pro cortiço e acompanhar tudo pela TV. E não adianta xingar. Estas são as manobras clássicas e legítimas dos homens que você próprio colocou no poder e escolheu para lhe representar.



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