segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A ilusão da soberania de escolha


Por Sandro neiva

Então começa mais um ano. E com ele as místicas esperanças de renovação. Mas geralmente a única coisa que se renova nas pessoas é o desejo desenfreado pelo consumo. Não é preciso ser cientista social para enxergar que quem determina o desejo das massas não são elas mesmas e sim as empresas de telefonia, as indústrias de medicamentos, as fábricas de automóveis, a Microsoft e as redes de televisão.

Você duvida? Então preste atenção na idiotice e alienação relacionada aos telefones celulares. Repare nos milhões e milhões de comprimidos, drágeas, pílulas e cápsulas inúteis e caras, que são receitadas pelos médicos e ingeridas diariamente por você e toda sua família. Note a quantidade de automóveis se despedaçando diariamente nas estradas, os congestionamentos e o estresse a eles relacionados. Veja a quantidade de computadores e de outros aparelhozinhos inúteis que geram o confinamento e a distorção de comportamento. E as TVs, claro, com o Faustão, o Silvio Santos, os pastores, os times de futebol e a Xuxa.

Em função das redes de TV, qualquer projeto social que pretenda “conscientizar” ou fomentar a liberdade de pensamento nas massas, está condenado ao fracasso. É impossível para os educadores competir com uma dúzia de piranhas e peões que ficam no ar vinte e quatro horas por dia vomitando e reproduzindo sobre o rebanho semialfabetizado o que há de mais escroto e reacionário no mundo.

Não é fácil conviver todos os dias, todos os anos e toda a vida atolado numa cultura que é surda para as realidades do mundo e ainda tem a ilusão da soberania de escolha.



Um comentário:

  1. E o pior é que a grande massa continua anestesiada com relação a este processo de alienação, afinal boa parte também é agora tratada como consumidor em potencial.
    Feliz Ano Novo, Brother!

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