quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Luz, câmera… cinema eleitoreiro em ação


Por Sandro Neiva

Em noite de gala na Sala Villa Lobos, do Teatro Nacional, teve início ontem o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O filme “Lula, o filho do Brasil”, do diretor Fábio Barreto, abriu a programação. O longa-metragem conta a história do metalúrgico que se torna presidente. E mais uma vez, você, pobre cara-pálida, não foi convidado.

Lula também não compareceu. Assistirá ao filme longe da plateia, quando chegar de Roma, mas o governador Arruda, a legião de chupa-tetas do GDF, deputados, senadores, ministros, secretários… estes tiveram poltronas numeradas e uísque escocês mais que garantidos. Dizem que até o Obama quer uma cópia do filme, que estará em cartaz nos cinemas brasileiros a partir de Janeiro de 2010.

Mas e quanto aos metalúrgicos, operários de São Bernardo do Campo, desempregados, fudidos, viciados, maltrapilhos, pé-rapados e os verdadeiros filhos do Brasil? ah… estes foram excluídos da festa da sétima arte em conluio com o poder. O governo federal recebeu 800 convites. A Sala Villa-Lobos tem capacidade para 1.322 pessoas. Deve ser essa a nossa tal democracia… ah, entendi… 2010 é ano de eleições presidenciais e, por mera coincidência, em todas as bancas de camelô do país haverá uma cópia pirata do filme, disponível a cinco reais.

Este é o cinema feito com dinheiro do Ministério da Cultura; o cinema que está na mão da família Barreto há décadas; é o cinema eleitoreiro-brasileiro em ação. E os convites vão para os endereços da mesma corja-de-vida-ganha, que paga R$ 10 mil pelo metro quadrado e R$ 500 mil por um apartamento de merda no futuro Setor Noroeste.


2 comentários:

  1. Olá, Sandro.

    Vinha acompanhando há algum tempo as resenhas sobre o filme "Lula, o filho do Brasil" em vários canais da imprensa. Até o presente momento que lhe escrevo, não vi o filme ainda. Creio que você também não tenha assistido. Independente do que contenha a película, seu texto sobre a "avant-première" no Festival de Cinema de Brasília está "duca". Realmente, a corte teve preferência na hora de receber convites ver o registro cinematográfico do "plebeu" que virou "realeza". Teria mais sentido fazer uma exibição de gala primeiro para os trabalhadores avalizarem ou não como se gastou dinheiro de apoio à cultura, se com objetivos eleitoreiros ou se com um trabalhos realmente legítimo de documentação histórica. Acho até que seria conveniente exibir o filme em telões montados na Esplanada dos Ministérios ou na Rodoviária, de graça. O problema é que a oposição não iria gostar nada disso...

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  2. E o velho, burro e mais que sofrido povão, continua e continuará afundado na merda que lhes é jogada pelos corruptos e corruptores governamentais desse rico belo, mas infeliz país. Vivas a mais um episódios da série: "Filhos de Francisco". Ou seria da pátria que te pariu?! Olho apurado como o das aves de rapina para as próximas eleições, pessoal.

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