quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A fútil felicidade dos emergentes




Por Sandro Neiva

Corretores, atravessadores, donos de imobiliárias e outros especuladores deste ramo profissional estão eufóricos na Capital da República. O futuro Setor Noroeste — apesar de ser ainda uma enorme área de cerrado virgem, já bate recordes no preço do metro quadrado.

Ali, no novo bairro que está sendo construído para uma suposta elite, todos os apartamentos são de três ou quatro quartos, com área entre 127m² e 318m². O imóvel mais barato custou R$ 942 mil e o mais caro — uma cobertura privativa — saiu por R$ 2,5 milhões. Tudo foi comercializado em uma semana pela Brasal Incorporadora e pela Lopes Royal Empreendimentos.


Lúcio Costa — a eterna vaca sagrada da urbanística — previu o Setor Noroeste no documento “Brasília Revisitada”, de 1987. Desde então, os empresários do mercado imobiliário estão nas esquinas com mapas, folders, ilustrações futuristas, fichas de inscrição e claro, a tabela de preços.

O preço dos imóveis – mais alto que nos arredores de Paris ou na orla de Maceió - já seria uma afronta à inteligência de qualquer ser pensante. Mas ninguém dá um pio. Todos estão felizes por poder comprar o seu apartamentozinho de merda em 20 ou 30 anos, mesmo que depois tenham que dar o cu nas esquinas para poder pagar as prestações e o condomínio.

Gatunos vitimados pela gatunagem; presas fáceis de qualquer máfia que venha a prometer-lhes que, da noite para o dia, irão ascender ao pódio da classe média alta, com direito a status de novo-rico. Sacam o celular do bolso do paletó e contam a novidade para os amigos. Estão radiantes. Isto é a felicidade para esse tipo de idiota.


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