quinta-feira, 1 de abril de 2010

Rolo compressor e "felatio" na sede da PF


Por Sandro Neiva

A cidade está excitada e inflamada. Sempre que a TV apresenta mais um episódio do seriado "Corrupção na Capital" a população entra em transe. “Vem um rolo compressor por aí”, disse o delator do "mensalão" de Brasília em depoimento à PF. Por que não dão um "sacode" pesado no sujeito, pra que desembuche logo com isso?

Os pacotes de dinheiro, a câmera quase cinematográfica do denunciante, a postura corporal do ex-governador e sua fisionomia de deboche, enfim, a miséria humana exposta até o âmago.

Essas imagens, ainda muito fortes na mente das pessoas, causam um sentimento estranho. Apedrejar o corrupto fora-de-nós parece dar a ilusão de inocentar o corrupto dentro-de-nós. É por isso que os amigos e os partidos logo se afastam daqueles que caíram em desgraça e exigem sem dó o seu aniquilamento na arena política. Quanto mais rápido forem eliminados, melhor.

Mas as esposas e os filhos dos corruptos pensam diferente. Consideram seus maridos e pais como cidadãos de bem, pessoas exemplares, quase superheróis. E adoram ver as maletas de couro abertas sobre a mesa do quarto, repletas de notas verdes.

Enquanto isso, acaba de chegar à sede da Polícia Federal uma quase elegante dama, com pinta de nova-rica. Nas orelhas, um par de brincos de ouro com diamantes, de R$ 35 mil. Nos pés, sapatos de bico fino, importados, de R$ 3.500. Mau gosto kitsch de perua emergente e ostentação fútil de dondoca insolente.

A madame desce do automóvel de luxo adquirido num propinoduto e com ares de puta, caminha até os tiras, espalhando fragrância de perfume caro no ar.

– Boa tarde, sou a Flarbie, vim fazer uma visita ao detento José Roberto. É que prometi-lhe um felatio, sabe?

Em poucos instantes está dentro da cela. Com gratidão e felicidade, paga um generoso boquete ao herói, ainda engravatado. Um olho no falo e outro no maço de notas.

Como diz a letra da velha canção dos punks belohorizontinos do Atack Epiléptico: "Dinheiro na mão/Calcinha no chão”.




2 comentários:

  1. Sandro,
    este país é um bordel...Só pilantragem, isso deve ser um prato cheio para o pessoal da literatura marginal...hehehehehe...
    Abraços.

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  2. Verdade... Mas o mensalão de verdade, aquele
    da turma do PT,do Dirceu, do Jefferson, do Marcos Valério, do Delúbio, aquele não deu em nada. O pessoal do punk tardío está mais pra 'chapa-branca', tipo UNE.

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