sábado, 19 de junho de 2010

Candidata do Partido Verde (PV) à Presidência fala sobre a mineração em Minas Gerais

Por Sandro Neiva

Numa coletiva de imprensa realizada na Universidade de Brasília (UnB) na última quinta-feira (17/06), perguntei à senadora e candidata à presidencia da República, Marina Silva, a respeito da mineração de ouro a céu aberto realizada em Minas Gerais e operada por empresas transnacionais, que deixam um rastro de poluição nas águas, no ar, nos solos e causam a desintegração de populações tradicionais.

Ela havia acabado de responder sobre a seleção brasilieira na Copa do Mundo e foi pega de surpresa com a pergunta difícil. Sua resposta, como eu já imaginava, foi vaga, superficial e pueril, apesar de politicamente correta. Nada que o Serra ou a Dilma não defenderiam. Falou em royalties mais elevados e fim de isenções tributárias para as mineradoras transnacionais. Parecia preocupada apenas com a questão financeira. Falou também que num encontro em Minas Gerais, havia defendido que seja repensado um novo modelo para a mineração, só não especificou que modelo seria esse e em que moldes. Também ficou muito presa ao que diz a legislação ambiental, como única forma de proteger as comunidades que sofrem os impactos socioambientais.

Enfim, às vésperas de uma eleição, a candidata do Partido Verde pareceu desconhecer os reais efeitos de uma exploração transnacional a céu aberto, que utiliza venenos químicos como o cianeto, fabrica barragens de rejeitos e latrinas tóxicas que se tornam passivos ambientais, empobrece e adoece povos que vivem próximos às lavras, especula suas terras e destrói sua cultura ― tudo em nome do “progresso” e
da geração de
emprego e renda. Triste Brasil!

7 comentários:

  1. É incrível que para alguns políticos a única forma de se obter renda com nossa riqueza natural seja através da exploração devastadora e - pior que isso - transnacional, que envia quase todo o lucro obtido pras matrizes nos países ricos. Nenhum candidato parece ter coragem e força o suficiente para enfrentar essa realidade que fatalmente vai nos levar ao colapso! A senadora Marina Silva é, sem dúvidas, uma personalidade de respeito e com um histórico de vida e de política irretocáveis, porém é a nossa economia, atada aos interesses maiores e estrangeiros, que transforma qualquer dirigente nacional em refém.
    Lastimável.

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  2. Segundo Marina "no caso de Minas Gerais temos aqueles que fazem (mineração) de forma correta e aqueles que fazem de forma incorreta." A Marina deve estar lendo muito a revista Ecológico, financiada pelas grandes empresas mineradoras - Anglo Gold Ashanti, Vale, Anglo American e Vale, entre outras - e precisa dar um pulo aqui para conhecer a realidade.

    Se está tão segura que aqui há empresas que fazem da forma correta, deveria dizer quais são elas. Há algum tempo se vem dizendo que empresas como Vale, Votorantim e outras mais, fazem mineração da forma "correta", respeitam as leis etc etc.

    Acredito até que do ponto de vista da tecnologia de mineração, façam muita coisa de forma correta - embora habitualmente optem por métodos mais baratos e mais impactantes, para fazer economia. Um exemplo claro é o das barragens de rejeitos, ou a mineração de ouro a céu aberto.

    A questão todavia é que não fazem correto com relação ao meio ambiente. Não existe mineração sustentável. Esta é a maior das mentiras, à qual nenhum(a) candidato(a) à Presidência da República deveria se deixar levar. A única forma de conter a irreversibilidade da mineração é adotar a parcimônia como forma de licenciamento. Traduzindo: não licenciar todos os impactos ao mesmo tempo. Dar tempo às empresas para encerrar as atividades de minas em operação, recuperando o meio ambiente, para depois abrir-lhes novas oportunidades. Isso não ocorre no Brasil, e muito menos em Minas Gerais.

    Temos desafiado Marina a responder a esta questão, e suas respostas não evoluem.

    Senadora Marina, a senhora precisa saber que a mineração, especialmente de ferro e ouro, mexe diretamente com as estruturas hídricas subterrâneas - trazendo enorme insegurança quanto ao futuro da qualidade da água em lugares em que, antes de se minerar, esta é classificada como Classe Especial.

    As empresas, que a senhora ainda não citou, e que sabemos que supostamente agem de forma "correta", são aquelas que mais interferem nestes recursos.

    A senhora precisa mostrar seu diferencial, ou assumir que desconhece o assunto ou que tem a perspectiva de financiamento eleitoral, por empresas "corretas" de mineração. Lembro-lhe que algumas ONGs também financiadas por estas empresas vendem a idéia de que as mesmas são "corretas", enquanto as outras não são.

    Da mesma forma que a senhora deva imaginar que não se pode favorecer a liberação de 50% das florestas das propriedades rurais da Amazônia para o desmatamento; da mesma forma que acreditamos em princípio que desmatar a Amazônia não é algo aceitável - muitos de nós, de Minas Gerais, queremos preservado o que resta das nossas serras e águas - que fiquem livres portanto da mineração "Correta" ou "Incorreta" - pois não há maquiagem ou marketing que garanta a veridição da correção de tais empreendimentos - considerado o contexto das várias e cumulativas iniciativas em um mesmo território.

    Somos também favoráveis ao aumento dos royalties e à transformação de boa parte da produção mineral aqui no Brasil, mas nenhum royalty ou estabelecimento de indústria madeireira high-tech na Amazônia, justificaria a destruição da floresta. Lembre-se que as serras e as águas de Minas Gerais também fazem parte de um Brasil que queremos legar aos futuros.

    Gustavo T. Gazzinelli

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  3. O foda é que fazem assim mesmo, usam do politicamente correto, se esquivam, vagueiam um pouco.
    Tá foda de escolher um candidato dentre os presidenciáveis...

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  4. Realmente chocante e muito triste.
    Mais uma grande farsa em nosso país.

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  5. Boa, Sandro!
    Mas infelizmente, foi mais uma a escorregar do principal, não sei se por interesses ocultos ou por desconhecimento do assunto.
    Vamos continuar tentando. Seu trabalho é muito importante.
    Abraços

    Adriles

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  6. O comportamento da candidata na entrevista sugere promiscuidade (pagamentos facilitadores, corrupção), ou desconhecimento da situação da mineração no Brasil (incompetência). As duas hipóteses são inaceitáveis. Ou ela se define em uma semana (tempo mais do que suficiente para ela obter as informações de boa qualidade sobre mineração e assinar uma declaração de que não recebe nenhum tipo de apoio, favorecimento, doação, pagamento, etc. de mineradoras), ou eu a denuncio em português no blog "Marina Silva" e detono ela em inglês no sosarsenic como suspeita de lavagem verde.

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  7. Partido ou "PARTINDO" o verde? Ou Arregaçando, fudendo com o que pouco que ainda existe? Seria mais uma das tantas jogadas políticas? Por isso e por tantas outras que eu não consigo, e muito menos vou, aceitar essa idéia de partido político. O nome diz muito: desfragmentar, despedaçar, dividir, fracionar, fragmentar, fugir, quebrar, subdividir, zarpar. O negócio e UNIÃO. Viva ZUMBI dos Palmares!

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