sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O humanismo interesseiro das nações predadoras





Por Sandro Neiva

Depois do terremoto que devastou o Haiti o povo daquele país sofre como nunca e seu território mais parece a ante-sala do inferno. Como se não bastassem as desgraças naturais e suas terríveis consequências, há ainda a rapinagem internacional.

A “ajuda humanitária” que vem sendo enviada aos haitianos – apesar de ser bem vinda nesse momento trágico – é simbolicamente revestida de cobiça e competição gananciosa por parte das nações imperialistas que exploram ou têm interesse em explorar o país.

Espanhóis e franceses foram os primeiros a rapinar o Haiti. Hoje, a exploração se dá pelos mais variados povos do planeta. Sua posição geográfica estratégica e a mão-de-obra (quase escrava) disponível fazem dessa ilha caribenha um enorme atrativo para os predadores internacionais.

Sim, até o Brasil, – que recentemente manifestou interesse em implantar por lá seus projetos na área de biocombustíveis – ao cortejar o Haiti, mostra seus olhos de lobo-mau. O generoso abrigo do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, seria uma prova do nosso interesse naquela região da América Central. Até mesmo a liderança brasileira das tropas da ONU no Haiti desde 2004 seria outro exemplo desse olho grande. Aliás, as tropas brazucas nunca foram bem vistas pelos haitianos.

Todavia, o maior atrativo que aquela região oferece é a isenção de tributos, selada por acordos internacionais. Assim, a ideia do governo brasileiro é fazer disso um trampolim livre de impostos para seus produtos. Estima-se que até 2011 o Brasil tenha instalado destilarias e usinas de biodísel no Haiti, Guatemala, Honduras, República Dominicana, Jamaica, Nicarágua, El Salvador, São Cristóvão e Névis. Assim, – extremizando a pobreza da população caribenha – o combustível produzido no Brasil pode entrar nos Estados Unidos com taxa zero.

Portanto, vale ficar de olhos atentos para o “humanismo” interesseiro das nações predadoras.




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